1ª ETAPA COPA BRASIL DE SPRINT TRIATHLON

Pense numa terra quente igualzinho a Teresina? Achei! É Cuiabá no Mato Grosso. Com uma população quase do mesmo tamanho, com um rio cortando a cidade e com um aeroporto que já dá numa avenida de acesso, não teve como eu não me sentir em casa.
Ainda bem que treinei uns dias de fevereiro em Teresina. Em Cuiabá, eu já sabia no que ia dar: TORRADA!
Finalmente consegui sair bem na natação. O que é tarefa bem difícil, delicada e um tanto kamicaze quando se tem um braço a menos, pois os primeiros 100 metros são de pura muvuca e você tem que nadar muito forte e de cabeça erguida, com todo cuidado e sorte pra não levar um murro ou perder o óculos. Mas, mais uma vez sofri com as transições. A Beta, minha insubstituível ajudante oficial, e namorada nas horas vagas, não pôde  me acompanhar e eu já estou ficando preocupado pra ver o que que eu vou fazer no mundial de setembro.
Mas ainda é abril. E acordar as 3:45 da manhã do último domingo teve um ponto positivo: estava fresco.
Cheguei no Lago do Manso (um condomínio fechado a 90k de Cuiabá) por volta de 6:30h da manhã, e o lugar é inacreditável de paradisíaco. No caminho ainda deu pra ver (pela janela do ônibus do exército que nos transportava) o sol nascer por detrás da Chapada dos Guimarães. Já estava com o dia ganho, não fosse o fato de ter uma prova bem difícil pela frente.
6 voltas de ciclismo com duas subidas em cada volta. Foi de lascar! E pra finalizar, correr forte as 9:30h da manhã, seria fácil se não fosse em Teresina ou Cuiabá. Prova puxada mas muito bonita. Me rendeu o 1º lugar da categoria de deficiente, o equivalente a 5º lugar na categoria de 25 a 29 anos e o 12º lugar no Geral de 124 atletas. Fora o belo bronzeado, que mesmo com meio tubo de protetor, foi inevitável.
E a lição de casa? ... Descontração em excesso também é prejudicial.
Trouxe de bagagem a importância de se concentrar antes da prova. De fazer toda sua rotina com tempo, paciência e tranquilidade. Isso me custou caro desta vez. Na primeira volta da bike minha garrafa de malto caiu porque eu não tinha prendido direito, e por pouco não causou um acidente. Com este incidente, logo depois de uma transição atrapalhada, acabei me desconcentrando, e só retomei o foco no final da corrida. Ainda na bike, por conta da garrafa acabei tendo de reduzir a velocidade várias vezes para pegar a água que era distribuída pelos soldados da organização. Que aliás, estão de parabéns!A organização da prova foi realizada pelo 44º batalhão do exército do Mato Grosso de forma primorosa!
De volta à tarefa de casa. Isso me remete aos tempos de escola, em que o melhor era arrumar a mochila antes de ir dormir, e eu nunca fazia isso. Você faz?
Qual o seu ritual de concentração?
Abraço,
Angelo Borim

Agradecimento especial:
Ao Edu do Spadabike e ao Luis da alldistances, por transformarem minha máquina numa bike mais segura. Em menos de uma semana conseguimos fabricar uma peça e fazer uma adaptação. Agora uso os 2 freios! Muito mais segurança e eficiência! Muito obrigado rapaziada!

2ª ETAPA - COPA INTERIOR DE TRIATHLON - ITIRAPINA

     No dia 10 de abril aconteceu a 2ª Etapa da Copa Interior de Triathlon num clube de golf próximo a Itirapina, no interior paulista. Com uma paisagem incrível e um dia maravilhoso, consegui realizar uma prova muito prazerosa e de bons resultados. Conquistei o 2º lugar na categoria de 25 a 29 anos do Short Triathlon. E além do troféu e do cansaço acumulado de 4 semanas seguidas de competições, trouxe mais uma lição pra casa.

     Frequentemente conto com a ajuda de alguém para me auxiliar na área de transição (parte reservada para mudar os acessórios na hora de começar a pedalar e correr), mas às vezes vezes tenho de me virar sozinho. O que não é difícil caso eu não tenha que usar a roupa de borracha.

     Desta vez fiz uma combinação que pode ter me custado o lugar mais alto do pódio: (usar roupa de borracha) + (não pedir ajuda na hora certa) = me "embananar" para tirar a roupa de borracha e perder segundos (30seg. foi a distância para o primeiro lugar) preciosos.

     Uma equação simples mas que nos leva a um assunto delicado. Você sabe a hora de pedir ajuda?
     Depois do acidente eu simplesmente tive que aceitar muita ajuda, e aos poucos fui reaprendendo a me virar. Algumas vezes acreditei que não precisaria de ajuda para mais nada. Mas a verdade é que até hoje ainda preciso de ajuda para muitas coisas.

     Ainda bem! Pois pedir ajuda e aceitá-la é um ótimo exercício de humildade. E reconhecer a fragilidade, é tornar-se mais forte. Hoje, a minha deficiência física me ajuda a lembrar que sempre vou precisar de ajuda, sempre vou precisar de alguém por perto, da disponibilidade de alguém, de um gesto, de um carinho, de um momento de atenção. E sabe de uma coisa? As pessoas gostam de ajudar. Por isso, da próxima vez que tiver uma dificuldade, lembre-se, você pode pedir ajuda! Não dói, e funciona!

Abraço, Domingo que vem corro no Pantanal! Até Lá!

Angelo Borim

Agradecimentos especiais a: Suzete, por emprestar o carro para eu ir competir. E a todos vocês por visitarem o Blog, acreditem, isso me motiva muito!
 



GP Damha Short Triathlon

     Ontem tive uma grande aula de triathlon. Obtive um grande resultado mas não o suficiente para superar a experiência de meu adversário, o Roberto Carlos Silva.
     Acordei bem cedo para pegar um ônibus para São Carlos, no interior paulista, onde eu iria competir uma prova sem grandes pretensões a não ser finalizar a prova como parte do meu treinamento. Imaginem a minha surpresa ao saber que o Roberto Carlos estava lá! "Puts, vou ter que fazer força", foi o que me veio à cabeça! E eu não estava nem um pouco a fim de fazer força, eu vinha de uma semana de treinos intensos e esse era o 3º fim de semana seguido de competições, de uma sequência de 5 semanas. Mas não tive escolha, não ia deixar o cara levar essa com facilidade! Atualmente nós disputamos diretamente o título de melhor paratriatleta da categoria TRI4 no Brasil. Essa prova seria nosso primeiro tira teima. Um misto de alegria e tristesa, nervosismo e tranquilidade passaram a me acompanhar até o final da prova.
     Foi uma prova muito rápida (natação e o ciclismo não estavam com as distancias corretas) mas que vai ficar guardada pra sempre em minha memória, pois marca uma nova fase para o paratriathlon brasileiro, onde o encontro de dois paratletas da mesma categoria propiciou um lindo show para todos os que estavam presentes, e nos deu a chance de mostrar que também somos de alto nível. Se tivéssemos competido em nossas respectivas faixas etárias eu teria ficado em 3ºlugar e o Roberto em 2ºlugar.
     Mas, faixas etárias a parte, o que aconteceu foi que o Roberto Carlos, com toda sua experiência no ciclismo e no triathlon, se preservou no pedal enquanto eu fazia muita força nas subidas. Não deu outra, no 2ºkm da corrida eu quebrei e ele me passou com facilidade, quando voltei a encaixar o ritmo já era tarde, e ele já estava quase a perder de vista.
A alegria do encontro!
...
Eu sei, eu sei, esse modelito
barriga de fora é mesmo ridículo!
     Perdi, e perdi com alegria. A minha primeira derrota no paratriathlon brasileiro foi também a primeira de muitas aulas que ainda vou ter com esse grande atleta. E só temos a ganhar com isso, a competitividade só aumenta a minha motivação para continuar treinando com todo o empenho.  Mais do que rivais somos também parceiros, que juntos impulsionam um ao outro a seguir na luta da superação dos próprios limites. Se continuarmos assim, meu amigo, ninguém segura os Brasucas no mundial de setembro!
Que esse encontro se repita cada vez mais! E cada vez com mais paratletas!
Me dispeço deixando um grande abraço a todos! E mais uma vez desejando os parabéns ao Roberto Carlos pela prova e pela família linda!