SEM VOCÊS "EU TAVA" NA ROÇA

Depois de um domingo gelado e chuvoso, Auckland despertou para uma segunda feira ensolarada. Era o dia do paratrioathlon! Que pelo record de participantes teve sua largada dividida em 3 baterias. A minha largou as 15:23h. A água estava a 14,8ºC, o que fez os organizadores reduzirem a natação para 300m ao invés dos 750m originais. Montei uma estratégia de prova que se revelou ineficiente a medida que ia pedalando e sendo ultrapassado por inúmeros adversários. Fiz a prova de roda fechada, o que acabou se mostrando ser uma escolha desastrosa, uma vez que o circuito travado e com muito vento não favorece este tipo de roda. Quando escolhi esta configuração achei que poderia tirar vantagem dela, acreditei que ela iria me empurrar mas na verdade pesou como se eu estivesse rebocando uma âncora. Saí da água em segundo lugar, mas perdi 11 posições num ciclismo que muito me desgastou. Saí para uma corrida sem reservas de energia, mesmo assim ainda deu tempo de brigar pelo 12º lugar, forçando um sprint final que me encheu meu estômago de ácido lático até a hora do embarque no dia seguinte. Já o meu amigo Joel Rosinbaun, se livrou do ácido ali mesmo.
Apesar de o resultado final parecer uma catástrofe (levando em conta que fui prata em 2011) na verdade fiquei bem contente. Não fiz uma prova de todo ruim, meus tempos foram bons, só que o nível da prova aumentou muito. Sei que ano que vem estarei disputando o pódio outra vez. 2012 foi um ano de muitas mudanças, e como toda mudança, no início elas acabam trazendo muito desconforto. Em janeiro bateu uma depressão por estar com hipertireoidismo. Fiquei em tratamento hormonal até agosto, tendo que tirar sangue todo mês. Mudei de equipe, de treinador, de nutricionista, de psicologa, e de atitude. Hoje sou um atleta muito mais maduro e profissional. Os anos de amadorismo acabaram. O pior já passou! Agora é engolir os treinos, bater todas as metas, e ir pra cima deles em Londres 2013. Agradeço de coração a todos vocês que estão lendo isto! Pois sem seu apoio e sua torcida nada disso teria sentido. Agradeço em especial a: SBCtrans, Weber Saint-Gobain, New Balance, Força Dinâmica e SpadaBike. Sem vocês "eu tava na roça"! ps.: Estou tendo problemas com o blogger, por isso desconsiderem esta diagramação e letra horrorosas! Forte abraço, e até breve!

MANAIA O PROTETOR

Personagens de "A PRINCESA MONONOKE"

Ontem, voltando para o Hotel pela Queen St. (a principal via pra gringaiada aqui em Auckland, tipo a av. Paulista em São Paulo) passei por uma loja de artes produzidas na Nova Zelândia. O dono foi muito simpático e depois de dar uma olhada em diversos objetos inúteis, estes amuletos me chamaram atenção: 
TIKI (que acredito terem inspirado Hayao  Miyazaki num dos filmes que mais adoro: 
A Princesa Mononoke
) e MANAIA.
TIKI


Estes espíritos são duas representações da cultura MAORI que, de acordo com o dono da loja, simbolizam o ancestral e o guardião, respectivamente. 
Imediatamente me apropriei de um MANAIA, e desde então o carrego no peito. 
Só mais tarde descobri que não se compra um espírito, só se pode ganhá-lo. Num gesto simples, dei um jeito brasileiro de burlar a tradição numa licença poética de turista e fiz com que um amigo me desce o meu próprio MANAIA. Espero que cole! Conto com a compaixão de Manaia para que ele me proteja do vento na segunda! Assim poderei me manter firme sobre a bike pois o vento estará rugindo e eu estarei doido pra voar! MANAIA abençoado, me segura no chão! Que eu vou fazer muita força! 
No papelzinho explicativo que acompanhou o amuleto diz: Manaia é um guardião, um espírito protetor. É representado com a cabeça de um pássaro, o rabo de um peixe e mãos de três dedos, e consegue, por conta disso, exercer sua função protetora tanto no ar como na terra ou na água.



MANAIA

MED SWIM, MORRAM DE INVEJA

Sérgião, não sei se você já conhecia. Só sei que eu pirei! Que coisa incrível é essa piscina! Basicamente trata-se de uma esteira hergométrica para nadadores. Vejam vocês mesmos no site: http://www.endlesspools.com/.
Esta manhã, por volta das 11h (no caso a mesma que vocês estão começando a viver aí no Brasil) fui comprar uma roupa de borracha com manga na feira do evento. Pois a que eu tenho é sem manga e terei de nadar numa água abaixo dos 16ºC.  Depois de testar um blueseventy por quase meia hora, o vendedor da 2XU me barrou na borda e falou para eu experimentar a roupa dele. "OK", eu disse. E lá estava eu de novo nesta máquina maravilhosa a uma temperatura de 28º e num ritmo de 1'30'' por minutos e minutos sem fim. O maior tesão dessa piscina não é apenas o fato de você poder controlar o ritmo mas principalmente o fato de ter um espelho no fundo, onde você consegue visualizar cada detalhe de sua técnica.
Fiquei apaixonado. É melhor que espelho no teto! Poderia ficar ali o dia todo! E o mais incrível é que o melhor ainda estava por vir. 
Enquanto eu nadava, uma moça alta, loira, com rugas de quem já viveu boas histórias mas com um semblante de quem nunca perdeu o entusiasmo, me observava cuidadosamente e carinhosamente. Ninguém menos que Ally Boggs, a responsável pelas vendas desta piscina e pelas reoupas da BlueSeventy. Uma pessoa fascinante que depois de poucas palavras, de idéias muito simples, transformou toda a minha mecânica de nado, tornando-o muito mais eficiente. 
Minha roupa custou 800 Kiwi Dollars (é como eles são chamados aqui, o USA dólar não é muito bem vindo), qua acabei comprando da concorrência, pois a elasticidade do material da 2XU é realmente 2x melhor, por isso o dobro do preço. Mas o presente que Ally me deu, este sim não tem preço!
Meus agradecimentos a Ally! 
E vamos começar a fazer uma vaquinha porque quando eu crescer quero uma piscina dessa no quintal de casa!
Abraço!
Obrigado pela visita!

TERÇA NEOZELANDEZA


Estou tão cansado que fica difícil escrever! Então serei breve e deixarei as imagens falar por mim. Inclusive as imagens que a Elisete fez no aeroporto de Guarulhos antes de embarcar: clique aqui para visualizá-las!

Durante o vôo tive o prazer de sentar ao lado de um ex-ciclista profissional, e pela primeira vez na vida não liguei o computador de bordo para matar o tempo. Viemos conversando sobre bicicletas, viagens e sobre nossas vidas durante quase todas as 12h da jornada entre Santiago no Chile e Auckland.

Assim que abri a janela do meu hotel, a percepção se confirmou: Auckland é uma cidade de primeiro mundo.  Vias largas, cidade esparramada por um vasto território, milhares de pessoas se exercitando,  com cara de cidade americana, com um povo muito simpático, e com um vento que transforma o frio em faca.

A ITU e os Neozelandezes estão de parabéns! Nunca vi uma estrutura tão exuberante em mundial.
A surpresa do dia foi descobrir que o Kiwi não se trata apenas de uma fruta mas de um animal em extinção. Olha que coisa mais fofa! (clique aqui) Já comprei um de pelúcia numa loja chinesa de souvenires.  O animalzinho solta um pio similar ao verdadeiro, cuja bateria pode durar até 2 anos e depois ele se cala. Como as vendedoras eram chinesas, assim como o kiwi, elas não resistiram em me dar um desconto. Os chineses adoram pechinchar só pelo prazer que sentem com isso.
Uma leve caminhada e uma rápida caída na água geladamente assassina foram o suficiente pra me deixar exausto! Bomm dia aos brasileiros, que agora eu vou dormir!
Abraço,
Obrigado pela torcida!

ESPÍRITO EM MOVIMENTO

Clicando no (clique aqui), você encontrará uma matéria sobre o discurso de abertura das Paralimpíadas de Londres, que serviu de inspiração para este post. E ao mesmo tempo me ajuda a responder ao desconforto que minhas unhas pintadas vem causando por aí.
Para quem não sabe, as Paralimpíadas nasceram na Inglaterra em 1948 quando Ludwig Guttman levou alguns veteranos de guerra para o fundo do hospital para praticar arco e flecha. 64 anos depois, os jogos retornaram a sua casa. Com mais de 4000 atletas de 164 países, com recordes de público, e multidões gritando de maneira inédita no paradesporto, os ingleses deram um show de hospitalidade. Eles descobriram e revelaram para o mundo que as paralimpíadas e as olimpíadas, só diferem nas categorias de cada modalidade.
Presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, Sir Philip Craven disse, num discurso que muito me emocionou enquanto eu pedalava no rolo de frente pra TV: "Hoje é o começo de algo muito especial. Hoje é a noite de dar boas vindas ao mundo para um jogo global. Um evento onde iremos experimentar todo tipo de emoção, incluindo algumas que nem imaginávamos ser possíveis. Enquanto embarcamos nestes jogos, façamos isto sabendo que o que acontecerá aqui tem a energia para mudar cada um de nós e todos nós. Suas performances irão inspirar e alvoroçar o mundo. Vocês não irão inspirar apenas uma geração, mas muitas e muitas gerações que estão por vir."
Bonito né? Confesso que meu treino de rolo aquela manhã não foi muito bem executado pois as lágrimas falaram mais alto e eu tive que aliviar o pé do pedal. OK, Angelo! Mas o que que as suas unhas tem a ver com isso? 
Pois é. Como já disse, o Philip Craven é o presidente do IPC, que tem esta bandeirinha aí do lado como símbolo. E este símbolo carrega o significado de ESPÍRITO EM MOVIMENTO. Bingo! Não pensei duas vezes! Adorei a idéia e resolvi virar um ativista! Agora essa bandeira também é minha, pois o paratriathlon já é paralímpico! Comprei o esmalte, a Roberta pintou! E Pimba! Lá vou eu pra cima e pra baixo com minha filosofia que mais parece desculpa pra fazer "viadajem". Se ser viado é lutar pelo que eu acredito, (Veja se não é bacana: clique aqui e leia mais sobre o IPC) então sou bixa louca! 




COM DIREITO A DRENAGEM LINFÁTICA

O Mundial está chegando. A prova do ano ocorrerá no próximo dia 20, na maior Marina do mundo em Auckland, Nova Zelândia. Faltam poucos dias para embarcar e controlar a ansiedade é o mais difícil agora. Estou no SpadaBike desde as 13h e já são quase 18h.
A BEWE está ficando muito feliz e excitada com todo o carinho que ela está recebendo das mãos habilidosas do meu engenheiro Eduardo Franklin, o dono do spa que acabou de me poupar R$1200,00 ao conseguir consertar o Shifter ZERO que ganhei da SBCtrans para instalar na Bewe. Para os leigos, isso quer dizer que a minha bicicleta, a Bewe, (da palavra "bewegen", movimento em alemão), está sendo TUNADA com um novo grupo Top de linha da marca Sran, que é o Sran New Head. Não esperava ter problemas com os componentes mas depois de bater muita cabeça o sábio Edu conseguiu concertar um defeito interno no passador de marcha!
Palmas pro Edu! E um grande VIVA pra Bewe!
Não posso perder treinos nessa reta final, e administrar os preparativos da viajem, com os treinos finais, e a ansiedade pré-competitiva, é coisa delicada! Me sinto sobre a corda bamba!
E você caro leitor? Já sentiu que sua vida te jogou na corda bamba?
Mas foi ela quem te jogou? ou foi você quem foi caminhando?
Pense nisso,
que agora eu vou correr em volta do quarteirão do SPAdaBike.
Abraço,

"In the Zone" / Permanecendo na Zona


Que delícia é voltar à ativa!
     Apesar de conquistar o 6º lugar e ficar de fora do pódio, repeti o meu melhor resultado do Troféu Brasil em Santos, obtido na véspera do Mundial de 2011. Numa prova deliciosa, onde estive a maior parte do tempo mergulhado na "ZONA". O bom resultado surpreendeu-me.
     2012 tem sido um ano cheio de provações: lesão, mudança de treinamento, adaptação nova para a bike, e muito amadurecimento profissional. Atualmente tenho a alegria de contar com a Carla di Pierro (psicologa do esporte) e a Rachel Fancischi (Nutricionista) em minha equipe. E era o que estava faltando para deslanchar de vez.
     Mas vou focar este POST na “Zona”.
Trazida da Psicologia do Esporte e Traduzida aqui por minhas palavras, a “Zona” é um estado alternativo de consciência onde o indivíduo, com elevadíssima concentração, tomado pelo pleno domínio de seu auto-controle, e por isso relaxado, funde-se no tempo e no espaço, num misto de euforia e torpor, atingindo um estado quase meditativo, e quando dá por si a sua prova já terminou.
     É um dos principais motivos que me faz gostar de esporte. E uma das melhores sensações de pertencimento que eu já senti. O domínio rigoroso e preciso de cada gesto que coloca o corpo em movimento, ao se atingir a “ZONA”,  adquire um novo sentido, um sentido mais amplo, um sentido cósmico, que inunda o corpo de satisfação, e muitas vezes, no caso do alto-rendimento, também de dor.
     Esta foi a primeira vez em que corri quase toda a prova dentro deste estado. Quando “parava” pra pensar só me vinha a frase: mas já estou aqui?
     Lembrei da conversa que tive com a Gabi (professora da Força Dinâmica) hoje de manhã, onde ela me contava que tem por hobbie fazer crochê, e que muitas vezes esta atividade mecânica contínua e repetitiva faz com que ela entre num estado meditativo que a faz muito bem.
     E você? Já se sentiu assim? Qual sua maneira de atingir "a ZONA"? Qual sua estratégia para ser manter nela?
Nunca atingiu? Então dê uma chance para seu corpo! Escute-o, ele tem muito a te dizer.





BRASILEIRO DE PARATRIATHLON 1ª ETAPA


     Demorou mas o meu calendário competitivo de 2012 começou. Ainda não estava me sentindo preparado para começar mas não podia ficar de fora do principal evento nacional do Paratriathlon. No mesmo final de semana em que Brasília completava seus 52 anos, nós caíamos no lago às margens da ponte J.K. para disputar uma prova rápida, quente e dura.
     No começo do ano descobri que estava com hipertireoidismo, e que todo o cansaço do final de 2011 não era normal, também não era overtraining como cheguei a suspeitar, e o pior, não iria passar só com cama e comida. Tratava-se de uma disfunção hormonal que levaria meses para ser resolvida. Isso me deixou bastante chateado, daí a ausência de novas notícias por aqui. Eu fiquei magro, sem força e sem ânimo de começar de novo. Durante esses meses de tratamento o que eu mais desejava era retomar a euforia "pós-mundial" do final do ano, mas a impaciência só me deixava mais ansioso gerando mais irritação e tristeza. No meu aniversário, tudo o que eu queria era não estar fazendo aniversário.  Foram meses bem difíceis. Mas acabaram.
     Agora faço um acompanhamento mensal só para checar como estão indo os hormônios da tireóide, e os treinos já estão bombando outra vez. Hoje me sinto a uns 80% da minha capacidade. O que é maravilhoso para quem, há alguns meses, se sentia a 10%. Mas estar me sentindo melhor não quer dizer que eu esteja bem  o suficiente para dar trabalho ao meu parceiro (e adversário) Roberto Carlos.
     Ir para uma prova sabendo que você não poderá obter um bom resultado é algo muito frustrante. Mas pegar uma virose e ficar de cama e com febre nos 4 dias que antecedem a prova, poxa, aí é de lascar. Perder pro Roberto Carlos eu já ia perder, principalmente depois de me deparar com aquela subida horrenda que se esconde por trás da bela ponte J.K., mas começar outro ano levando mais uma bailada do seu principal adversário (em 2011 comecei o ano perdendo pra ele no GP Damhas)  Ah! Fala Sério! É de deixar qualquer um doido.
     A mim resta apostar minhas fichas no futuro.
     O Campeonato Brasileiro de Paratriathlon ainda não acabou, este ano ele ainda terá mais uma etapa, quem sabe se até lá eu não recupero minha condição de melhor TRI4 do Brasil.  De todo modo, este ano começou muito mais difícil para mim, e se ele me reservar metade das boas notícias que 2011 me reservou, já estarei pra lá de satisfeito.
Quanto a Brasilia, bem... pelo menos saí bonito na foto!
Não?